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Zinclar lança livro fotográfico sobre o rio São Francisco, no dia 12/11

O fotógrafo João Zinclar lançará o livro fotográfico “O Rio São Francisco e as Águas do Sertão” no dia 12 de novembro, às 19h, no Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas. Na ocasião também ocorrerá um debate intitulado “Água: Direito ou Mercadoria?”, com a participação de Vicente Andreu Guillo, diretor presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), e Roberto Malvezzi (Gogó), integrante do projeto popular São Francisco Vivo… Terra, Água, Rio e Povo e também da Comissão Pastoral da Terra (CPT). 

Bom Jesus da Lapa/Ba, no Médio São Francisco - julho/2006

Bom Jesus da Lapa/Ba, no Médio São Francisco – julho/2006

João Zinclar é fotógrafo dos movimentos sociais e da classe trabalhadora. Ele trabalha também junto ao Sindicato Químicos Unificados. Mais informações e contatos com João Zinclar por meio do telefone (19) 9121.8425 e pelo e-mail joaozinclar@yahoo.com.br

Entrevista

O fotógrafo João Zinclar

O fotógrafo João Zinclar

Em entrevista ao jornal Brasil de Fato e ao Sindicato Químicos Unificados João Zinclar fala sobre seu trabalho, objetivos e das aventuras vividas para a produção do documentário.

Ao fotografar carvoarias na Bahia, Zinclar sofreu ameaças de morte.

Como nasceu a ideia de produção do livro fotográfico?

Zinclar – Esse livro é a conclusão de um ensaio fotográfico que vem sendo realizado desde 2005 até hoje no rio São Francisco e no sertão nordestino. É uma obra coletiva, pois contou com a valiosa contribuição de várias pessoas amigas que escreveram textos que enriqueceram a publicação.

A idéia de fotografar essa pauta surgiu com a intensificação das discussões e mobilizações do povo ribeirinho e dos movimentos sociais contrários à polêmica e equivocada decisão do governo Federal de fazer a transposição das águas do São Francisco.

Senti necessidade e vontade política de contribuir nesse debate através da  fotografia nesse cenário de conflitos em torno do uso e controle das águas do “Velho Chico”.

Antes de virar livro, essas fotos já foram expostas em vários lugares, serviram para estimular debates e ilustrar várias reportagens sobre a transposição, principalmente as realizadas pelo jornal Brasil de Fato ao longo desses cinco anos. Esse livro é parte, expressão e identificação com aquele povo em defesa do rio e na luta pela terra naquela região.

Você poderia falar da experiência vivida no período em que percorreu o rio São Francisco?

Zinclar – Conhecer melhor aquele povo, suas aspirações, sua cultura e suas lutas foram experiências ricas em fundamentos. O contato e a interação nas beiradas do rio São Francisco com os povos tradicionais, indígenas, quilombolas, pescadores ribeirinhos, trabalhadores camponeses sem-terra, pequenos agricultores e vazanteiros em sua lutas por terra e água, fez ampliar meu entendimento sobre a luta de classes no Brasil.

A sua maneira, esse povo contribui na linha de frente no conflito com o capital, resistindo e procurando construir alternativas à nova fase do avanço do agronegócio no campo e do capitalismo no Brasil.

   
Quais dificuldades você enfrentou no período de produção da obra?

Zinclar – Fui assaltado na estrada em Cabrobó/PE, juntamente com o jornalista e amigo Flaldemir Sant’ana, sofri ameaças de morte fotografando carvoarias em Buritirama/BA.

Tirando esses fatos indesejáveis, na verdade não encontrei muita dificuldade, pois contei com apoios logísticos importantes de sindicatos de trabalhadores e pessoas amigas de Campinas/SP, cidade onde moro. E, principalmente, com a receptividade política, o desprendimento e a solidariedade ativa do povo lutador da bacia hidrográfica do rio São Francisco e no sertão nordestino.

Veio desse povo e de suas organizações políticas, sociais e pastorais, todo apoio necessário com transporte, alimentação e hospedagem, contatos e informações valiosas que ajudaram a compreender realidades pelos caminhos do “Velho Chico”. Sem essa solidariedade seria impossível percorrer diversas vezes, os mais de 10 mil km rodados em oito estado (MG, BA, PE, AL, SE, PB, RN e CE) desde 2005.   


O lançamento do livro será feito juntamente com um debate sobre a questão das Águas no Brasil. Nesse contexto, qual a importância do livro?

Zinclar – Penso que os conflitos em torno da defesa, do uso e do controle sobre as águas têm importância estratégica nas lutas dos trabalhadores e dos povos no mundo. Isso não é diferente no Brasil.

Esta questão expõe as contradições do sistema, baseado na exploração do trabalho e na transformação de tudo e todos em mercadorias, que só têm valor se apropriadas privadamente.

As riquezas naturais só são riquezas no capitalismo se pertencerem a alguém. Portanto, a água, a terra, a floresta, os vários biomas e seus recursos só têm valor se transformados em bens e serviços para venda.

Assim, a luta necessária para garantir acesso de bens comuns a todos assume caráter de confronto anti-imperialista e anticapitalista, extrapolando o caráter meramente ambientalista.

A guerra pela água em Cochabamba na Bolívia, onde o povo rebelou-se contra a privatização da água naquela cidade por uma empresa estrangeira e a luta contra a transposição do rio São Francisco no Brasil é  prova cabal disso.

Apesar da concretização do inicio das obras, entendo que o conflito e a controvérsia em torno do projeto de transposição continuam. É uma questão mal resolvida e que pode ter desdobramentos futuros. Creio que esse livro se insere nesse contexto.

Algumas imagens

Algumas fotos que estão publicadas no livro “O Rio São Francisco e as Águas do Sertão”, todas de autoria de João Zinclar.

Montes Claros/MG, bacia do São Francisco - junho 2006

Montes Claros/MG, bacia do São Francisco – junho 2006

Manga/MG, no Médio São Francisco - junho/2006

Manga/MG, no Médio São Francisco – junho/2006

Quilombo Mangal Barro vermelho, em Sítio do Mato/BA, no Médio São Francisco - julho/2006

Quilombo Mangal Barro Vermelho, em Sítio do Mato/BA,
no Médio São Francisco – julho/2006

Quilombo Mangal Barro Vermelho, em Sítio do Matao/BA - no Médio São Francisco - julho 2006

Quilombo Mangal Barro Vermelho, em Sítio do Matao/BA,
 no Médio São Francisco – julho 2006

Sobradinho/BA - no Submédio do rio São Francisco - dezembro/2007

Sobradinho/BA – no Submédio do rio São Francisco
dezembro/2007

Cabrobó/PE - no Submédio do rio São Francisco - julho/2007

Cabrobó/PE – no Submédio do rio São Francisco – julho/2007

Rio da Barra, em Barra/PE - junho/2010

Rio da Barra, em Barra/PE – junho/2010

Gararú/SE, no Baixo São Francisco - março/2008

Gararú/SE, no Baixo São Francisco – março/2008

Açude Coremas Mãe DÁgua, em Souza/PB - novembro/2009

Açude Coremas Mãe DÁgua, em Souza/PB – novembro/2009

Açude Santa Cruz, em Apodi/RN - junho 2007

Açude Santa Cruz, em Apodi/RN – junho 2007

Açude Santa Luzia, em Assunção/PB - junho 2007

Açude Santa Luzia, em Assunção/PB – junho 2007

Aiuaba/CE - junho/2007

Aiuaba/CE – junho/2007

Jaraguaribara/CE - novembro/2009

Jaraguaribara/CE – novembro/2009

Rio Salão, no açude Souza, em Canindé,/CE - maio/2009

Rio Salão, no açude Souza, em Canindé,/CE – maio/2009

Barra/BA - no Médio São Francisco - maio/2006

Barra/BA – no Médio São Francisco – maio/2006

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